domingo, 23 de março de 2014

A tua personalidade é definida pelo teu hemisfério dominante: o cérebro esquerdo é mais racional e o direito mais criativo.

Encontrei isto no facebook: http://en2.sommer-sommer.com/braintest/ . É uma página que promete dizer-te que lado do teu cérebro é "mais dominante" com um rápido teste... O teste inclui algumas ilusões de óptica e uns exercícios que típicamente vêm naqueles "brain games".
Depois de concluído dizem a percentagem que usas de cada lado do cérebro, e se és mais racional ou mais criativo. Parece interessante.
Este site http://h30458.www3.hp.com/br/ptb/smb/968019.html, da conhecida marca HP Brasil, indica quais são as características de uma pessoas mais dominante esquerda e direita e ainda quais são as melhores profissões para cada uma delas...

Mas a verdade é que, apesar da crença de que cada lado do cérebro tem diferentes características, está demonstrado que todas as pessoas destras (que escrevem com a mão direita, e que no geral têm mais força na mão e pé direito) têm dominância do hemisfério esquerdo. Isso quer dizer que, se acreditarmos que o nosso hemisfério dominante define a nossa personalidade, entre 80 a 95% das pessoas deste mundo (ou seja, todas as destras) teriam o mesmo patrão de personalidade, racional. Parece-vos provável?
Aqui vêm as provas...

"Uma nova pesquisa sugere que os genes que desempenham um papel na orientação dos órgãos internos também podem determinar se alguém é destro ou canhoto. O estudo, publicado no mês de setembro na revista PLoS Genetics, indica que estes genes devem afetar o cérebro, sendo importantes na determinação do lado dominante das pessoas. Os resultados sugerem que os mesmos genes que afetam a simetria esquerda dos órgãos do corpo também afetam a forma como o cérebro está conectado. Isso, por sua vez, afeta a capacidade da mão direita ou esquerda de alguém de ser dominante.
“A lateralidade é um reflexo exterior das assimetrias do cérebro para a coordenação motora. Se você é destro, isso significa que o hemisfério esquerdo do seu cérebro é dominante para a coordenação motora. Isso porque os nossos cérebros realizam essa conexão inversa em relação ao resto do corpo”".
http://www.plosgenetics.org/article/info:doi/10.1371/journal.pgen.1003751



"Scientists at the University of Utah have debunked the myth with an analysis of more than 1,000 brains. They found no evidence that people preferentially use their left or right brain. All of the study participants — and no doubt the scientists — were using their entire brain equally, throughout the course of the experiment. A paper describing this study appeared in August in the journal PLOS ONE. "It is not the case that the left hemisphere is associated with logic or reasoning more than the right," Anderson told LiveScience. "Also, creativity is no more processed in the right hemisphere than the left."
Anderson's team examined brain scans of participants ages 7 to 29 while they were resting. They looked at activity in 7,000 brain regions, and examined neural connections within and between these regions. Although they saw pockets of heavy neural traffic in certain key regions, on average, both sides of the brain were essentially equal in their neural networks and connectivity.
"We just don't see patterns where the whole left-brain network is more connected, or the whole right-brain network is more connected in some people," said Jared Nielsen, a graduate student and first author on the new study."

http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0071275

Podemos concluir então que é um mito, por agora ainda não conseguimos ligar as características da nossa personalidade a partes do nosso cérebro!



domingo, 16 de março de 2014

Entrevista - Terapia Ocupacional

Primeiro que tudo, poderias dar-nos uma curta definição do que é a Terapia Ocupacional?

Bem, eu (e certamente todos os alunos e terapeutas ocupacionais) temos o trabalho arduo de explicar o que é a nossa profissão de uma forma simples e interessante, sendo ela extremamente complexa, mas vou tentar responder... o terapeuta ocupacional trabalha com pessoas com problemas no desempenho e na participação ocupacional, isto é, com todas aquelas pessoas que, por algum motivo (doenças, incapacidade, alterações no ambiente, mudanças culturais, etc etc) não consigam ou tenham dificuldade em realizar aquilo que desejam ou é necessário fazerem (ex. tomar banho, vestir, trabalhar, comer, ir às compras.. todo o tipo de ocupações).


Em que casos se aplica? Quais os seus objetivos?

Uma vez que qualquer pessoa pode ter dificuldades em realizar o que deseja ou deve fazer, trabalhamos com todas as faixas etárias desde recém-nascidos a idosos. O nosso objetivo final é que a pessoa seja o mais autónoma e independente, tanto quanto lhe for possível, e dessa forma promover o seu bem-estar e qualidade de vida. É importante referir que também trabalhamos com o intuito de prevenir a disfunção ocupacional (exemplo, promover um envelhecimento saudável).


O que te fez escolher esta profissão?

Quando andava a descobrir "o que queria ser quando fosse grande" tinha uma ideia fixa na cabeça: queria ajudar, queria fazer a diferença e queria ter um contacto directo com as pessoas de modo a sentir que fazia mesmo a diferença, de uma forma concreta e direta. Por isso escolhi a área da saúde e depressa dei por mim a pesquisar cursos de reabilitação. Primeiro pensei na fisioterapia e na terapia da fala, até porque não fazia ideia que terapia ocupacional existia... através das pesquisas sobre fisio e TF, lá descobri TO e procurei saber mais sobre essa profissão, visitei a minha faculdade no secundário, falei com estudantes e achei que a TO era um mundo vasto e extremamente interessante, que me fazia muito mais sentido do que fisio e TF. Senti que era compatível com T.O. Ainda assim confesso que só descobri o que era Terapia Ocupacional na totalidade quando ingressei no curso (alias eu sou da opinião que essa é a única forma de compreender totalmente a TO). foi aí que descobri que era o meu sonho e que tinha feito a escolha certa.


Quais dirias que são os pontos fortes, e também o lado menos bom, de ser Terapeuta Ocupacional?

Como a minha professora de bioética diz "somos dos profissionais de saúde mais humanos que existem", muito da nossa filosofia da prática implica perceber a pessoa como um ser holístico e não apenas como uma pessoa composta por diversas partes, em que uma delas pode estar "avariada". Precisamos de compreender a pessoa na sua totalidade para planearmos a nossa intervenção e escolhermos o "caminho" mais adequado, pois cada pessoa é única, e o seu diagnóstico dá-nos apenas uma pequena (pequeníssima na minha opinião) informação sobre a pessoa. Preocupamo-nos com a pessoa e não com o seu diagnóstico. O lado menos bom: o facto de ser uma profissão desconhecida por muitos, até por profissionais de saúde, retira-nos algum reconhecimento do nosso trabalho e daquilo que somos capazes de fazer pela pessoa. 


Consegues resumir-nos o que seria um dia na vida de um Terapeuta Ocupacional? (que actividades realizas num dia de trabalho? Com quantos pacientes trabalhas? Há outros profissionais envolvidos no processo?)

Resumir um dia na TO? isso é muuuuuuuuiiiito complicado. Depende da área em que estás, do local onde trabalhas, das condições... Posso se calhar é falar do local onde estou a estagiar atualmente... Estou a estagiar com idosos, e as sessões de TO são todas realizadas em grupo, uns grupos maiores que outros, mas na teoria o máximo deviam ser 8 utentes, na prática, quando fazemos sessões de movimento já chegamos a ter 25 utentes. de uma maneira geral (sem contar com as tais sessões de movimento) são 10 utentes por sessão. O nosso objetivo é promover a participação ocupacional e estimular/promover/melhorar desempenhos. Recorremos sempre a ocupações para que os utentes possam 'exercitar' competências (motoras, de processamento e de comunicação e interação), de modo a melhorar os seus desempenhos ocupacionais. Como exemplo temos a Wiiterapia: utilizamos jogos da wii para estimular capacidades como: amplitude de movimento, coordenação, equilibrio, competencias de processo: têm que compreender as regras do jogo, identificar problemas e resolve-los.. manter a atenção e concentração etc, entre outras. No fundo a nossa filosofia é utilizar atividades que tenham significado para a pessoa e que ao mesmo tempo sejam terapêuticas. Quanto aos restantes profissionais, de uma maneira geral (e já não estou a falar do meu local de estagio) os TOs podem trabalhar em equipa com Fisios, TF, psicologos, psiquiatras, animadores socioculturais, arquitetos e engenheiros (quando fazemos alterações no ambiente, seja numa rua, seja na casa da pessoa para que ela seja autonoma), professores, professores de ensino especial, assistentes sociais... etc.


Sentes que a opinião da população geral em relação à Terapia Ocupacional é positiva, negativa ou indiferente? As pessoas acreditam no papel desta terapia?

Pode variar, quem não conhece tem duvidas sobre a sua eficiencia e eficácia, quem trabalha com TOs competentes reconhece o nosso potencial e valoriza-nos muito por isso. Em muitos locais de estágio os terapeutas ocupacionais são chefes de equipas multidisciplinares e penso que isso só acontece porque as pessoas reconhecem que esta é uma terapia que pode realmente mudar a vida das pessoas. Quanto aos utentes/clientes, ao principio penso que ficam sempre desconfiados, podem até achar que parece tudo uma brincadeira, mas depois vão percebendo o objetivo das atividades, vão sentindo que a terapia provoca mudanças positivas no seu dia-a-dia, e no final do processo de reabilitação geralmente o sentimento é de gratidão.


Para terminar, há alguma coisa que já tenhas vivido como Terapeuta Ocupacional que te tenha ficado marcada de alguma maneira especial?

A felicidade das pessoas quando os seus objetivos de reabilitação são alcançados, é indescritível, é mesmo mágico, acho que nesses momentos sentimo-nos como super heróis. Numa perspectiva negativa: a forma como a medicação pode alterar uma pessoa, neste estágio já tive diversas experiencias em que a medicação de um utente é alterada e parece que a pessoa "perde-se", deixa de ser, deixa de viver para apenas existir...


Joana Emauz Madruga,
Finalista de Terapia Ocupacional em Alcoitão
(and a great friend of mine, thanks for your time)


Espero que com esta entrevista, tenham ficado a perceber um pouco melhor esta profissão, e além disso tenha conseguido o meu objetivo: demonstrar que não são só médicos e enfermeiros os únicos que contactam com os pacientes e que os podem ajudar!

segunda-feira, 10 de março de 2014

Curiosidade!

Hoje venho partilhar não um mito, mas sim uma curiosidade...
Não sei se já repararam, mas de vez em quando vê-se por aí pessoas que andam na rua (sobretudo em espaços públicos e com grande concentração de pessoas, como nos aeroportos) com máscaras a tapar o nariz e a boca (como se fossem pela vida num bloco de operações).
Eu já me encontrei várias vezes com casos como estes e sempre me perguntei "será por medo a apanhar a gripe A?", "será que aquela pessoa tem uma doença muito contagiosa e não quer pegar aos outros?".
Hoje descobri uma das causas que pode levar uma pessoa a ter de andar com essas máscaras, e não é a paranóia para evitar a gripe A...
As pessoas que têm transplantes são tratadas com medicamentos que diminuem as suas defesas naturais, de forma a que o seu corpo não reaja contra do órgão transplantado. Mas um dos principais efeitos secundários, é que o corpo também deixa de reagir a infecções e essas pessoas são mais vulneráveis a contrair infecções. Uma infecção que para o resto passam levemente, para as pessoas com transplante podem ser muito graves e até mortais.
Portanto, agora quando virem alguém de máscara já não precisam de fugir nem de a achar paranóica.
Tudo tem uma explicação (bem, quase tudo...)