Ora, este mito veio depois do jogo 2048 surgir nas nossas vidas. Eu já tinha descarregado dois jogos de "brain-training" para o meu telemóvel, um deles apaguei porque não lhe via o sentido, o outro ainda o tenho. Mas desde que surgiu a Nintendo DS que tenho um jogo de brain-training na minha vida. Exercícios de matemática simples, dizer a cor em que está escrita uma palavra em vez da palavra em si (que era uma outra cor), etc.
Mas será que estes joguinhos fazem mesmo alguma diferença no desenvolvimento da nossa inteligência?
- Is working memory training effective? A meta-analytic review. Melby-Lervåg M, Hulme C.
Dev Psychol. 2013 Feb;49(2):270-91. doi: 10.1037/a0028228. Epub 2012 May 21.
Esta meta-análise (um conjunto de 23 estudos que se foram fazendo ao largos dos anos sobre o impacto destes jogos na nossa memória) conclui que os jogos fazem-nos melhores nas tarefas concretas que nos pedem fazer, mas não melhoram a nossa inteligência a nível geral. Ou seja, não nos fazem mais inteligentes em coisas que possamos usar na nossa vida, apenas nos fazem melhores nesses jogos.
- No evidence of intelligence improvement after working memory training: a randomized, placebo-controlled study. Redick TS1, Shipstead Z, Harrison TL, Hicks KL, Fried DE, Hambrick DZ, Kane MJ, Engle RW.
J Exp Psychol Gen. 2013 May;142(2):359-79. doi: 10.1037/a0029082. Epub 2012 Jun 18
Este é uma réplica de um dos estudos publicados a favor destes jogos, que concluía que uma hora de treina podia aumentar 1 ponto de Q.I. Foi concluído com esta réplica que o estudo original foi feito com pouco controlos e apenas uma forma de avaliar a melhoria cognitiva (nesta réplica usaram 17 testes para avaliar esse aspecto). O resultado obtido foi de que estes jogos não melhoram efectivamente a inteligência a nível global.
Parece que não há caminho fácil para aumentar a nossa inteligência.
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
domingo, 31 de agosto de 2014
"Devemos beber dois litros de água ao dia"
De vez em quando ouve-se esta recomendação, mas será verdade?
- "Drink at least eight glasses of water a day." Really? Is there scientific evidence for "8 x 8"?",
by Valtin H., published in American Journal of Physiology, Nov 2002
8 copos de águas por dia, cada um com 8 onças (0,24l), dando no total aproximadamente 2 litros, é uma famosa recomendação nos EUA. Este estudo concluiu, no entanto, que não existem provas cientificas de que esta recomendação seja certa. Os resultados indicam que pessoas adultas saudáveis a viver em climas temperados e com vida sedentária não precisam de ingerir 2 litros de águas ao dia para se manterem com saúde. O estudo indica ainda que beber 2 litros de água ao dia ou ainda mais pode ser recomendado no tratamento e prevenção de certas doenças e aconselhado em certas circunstâncias, mas não aplicado como regra geral.
- "How much water do we really need to drink?", by Meinders AJ and Meinders AE, published in Ned Tijdschr Geneeskd, 2010.
Afirma que a eliminação de líquidos pela bexiga, para pessoas a viver nas mesmas condições que no estudo anterior, é de 500ml. Assim sendo, uma toma de água diária superior a 500ml produzirá uma urina livre de solutos. O estudo conclui que as recomendações são mais do que adequadas e que maiores quantidades de água não têm benefícios para a saúde relevantes, a não ser para prevenir pedras nos rins recurrentes.
Encontrei ainda outro dado que achei interessante, e é que a nossa fonte de água não tem que ser só líquida, já que esta também se encontra em vários alimentos..
Food
- "Drink at least eight glasses of water a day." Really? Is there scientific evidence for "8 x 8"?",
by Valtin H., published in American Journal of Physiology, Nov 2002
8 copos de águas por dia, cada um com 8 onças (0,24l), dando no total aproximadamente 2 litros, é uma famosa recomendação nos EUA. Este estudo concluiu, no entanto, que não existem provas cientificas de que esta recomendação seja certa. Os resultados indicam que pessoas adultas saudáveis a viver em climas temperados e com vida sedentária não precisam de ingerir 2 litros de águas ao dia para se manterem com saúde. O estudo indica ainda que beber 2 litros de água ao dia ou ainda mais pode ser recomendado no tratamento e prevenção de certas doenças e aconselhado em certas circunstâncias, mas não aplicado como regra geral.
- "How much water do we really need to drink?", by Meinders AJ and Meinders AE, published in Ned Tijdschr Geneeskd, 2010.
Afirma que a eliminação de líquidos pela bexiga, para pessoas a viver nas mesmas condições que no estudo anterior, é de 500ml. Assim sendo, uma toma de água diária superior a 500ml produzirá uma urina livre de solutos. O estudo conclui que as recomendações são mais do que adequadas e que maiores quantidades de água não têm benefícios para a saúde relevantes, a não ser para prevenir pedras nos rins recurrentes.
Encontrei ainda outro dado que achei interessante, e é que a nossa fonte de água não tem que ser só líquida, já que esta também se encontra em vários alimentos..
Food
Percentage Water
Lettuce (1½ cup)
95%
Watermelon (1½ cup)
92%
Broccoli (1½ cup)
91%
Grapefruit (1½ cup)
91%
Milk (1 cup)
89%
Orange juice (3/4 cup)
88%
Carrot (1½ cup)
87%
Yogurt (1 cup)
85%
Apple (one medium)
84%
"As vacinas podem estar relacionadas com o autismo"
Já tinha tocado este tema num post anterior, mas como continha apenas um vídeo explicativo e prometi trazer estudos para os mais duvidosos, aqui estamos de novo.
Houve um estudo que relacionou o aumento de casos de autismo nas crianças com as vacinas que elas tomavam, isso criou uma onda anti-vacinas de pais preocupados e a coisa desvariou em grandes proporções. A suposta relação entre o autismo e as vacinas estava num composto chamado "thimerosal", mas um estudo do Instituto de Medicina (IOM) nos EUA concluiu que não há qualquer relação causal entre as vacinas com thimerosal e o autismo.
O departamento de saúde dos EUA (HHS) encarregou o IOM de fazer um estudo extensivo sobre todo o conhecimento actual e todos os estudos sobre vacinas e os seus efeitos adversos, o relatório emitido chama-se "Adverse Effects of Vaccines: Evidence and Causality" e é de 2011.
Houve um estudo que relacionou o aumento de casos de autismo nas crianças com as vacinas que elas tomavam, isso criou uma onda anti-vacinas de pais preocupados e a coisa desvariou em grandes proporções. A suposta relação entre o autismo e as vacinas estava num composto chamado "thimerosal", mas um estudo do Instituto de Medicina (IOM) nos EUA concluiu que não há qualquer relação causal entre as vacinas com thimerosal e o autismo.
O departamento de saúde dos EUA (HHS) encarregou o IOM de fazer um estudo extensivo sobre todo o conhecimento actual e todos os estudos sobre vacinas e os seus efeitos adversos, o relatório emitido chama-se "Adverse Effects of Vaccines: Evidence and Causality" e é de 2011.
As vacinas investigadas foram:
- MMR
- Varicella (for chickenpox)
- Influenza
- Hepatitis A
- Hepatitis B
- Human papillomavirus (HPV)
- Meningococcal
- Diphtheria-toxoid-, tetanus toxoid-, and acellular pertussis-containing vaccines
Os resultados indicam que estas vacinas são geralmente muito seguras e que efeitos adversos severos são bastante raros.
Aqui, está um quadro com um resumo de vários estudos realizados sobre este tema e as suas conclusões.
Acabamos por concluir que a relação autismo-vacinas é um mito, e que as vacinas são no geral seguras e fazem a sua função, protegerem-nos de doenças infecciosas e contagiosas potencialmente mortais.
Portugal tem uma das taxas de morte por cancro da mama mais baixas da Europa
E isto não é um mito!
A prova vem num documento do Ministério da Saúde, chamado "Ganhos em saúde - Avaliação de indicadores 2001 - 2005. Plano Nacional de Saúde 2004-2010", do qual retirei esta imagem demonstrativa:segunda-feira, 5 de maio de 2014
Movies with a medical accent
Desde que comecei a estudar medicina que me tenho apercebido mais dos pequenos detalhes em grandes filmes que se dedicam a doentes e doenças, sem ser necessariamente filmes passados em hospitais.
Por exemplo, em Love Actually, um dos meus filmes preferidos, podemos ver o que é conviver com uma pessoa com uma doença mental. O irmão da personagem que está apaixonada pelo Rodrigo Santoro, não a deixa viver a sua vida devido às constante chamadas e à sua necessidade de atenção permanente, e a personagem não consegue deixar de atender o irmão, apesar do impacto que isso tem na sua vida, porque sabe que ele é doente e sente que precisa dela.
Noutro filme, desta vez centrado na doença, 50 first dates, trata sobre a vida de uma rapariga com amnésia anterógrada, que não é capaz de formar novas memórias e a única coisa que se lembra é até ao dia do acidente que a deixou sem memória (sem se lembrar do acidente em si). Ela vive todos os dias da mesma forma, como viveu o último dia antes do acidente, graças à ajuda dos seus amigos e vizinhos nunca é confrontada com a verdade. Apesar de ser ficção, podemos apercebermo-nos do quão realmente horrível é uma pessoa ser privada da capacidade de formar memórias, pois acaba por ser como se o que vivemos não acontecesse realmente.
domingo, 23 de março de 2014
A tua personalidade é definida pelo teu hemisfério dominante: o cérebro esquerdo é mais racional e o direito mais criativo.
Encontrei isto no facebook: http://en2.sommer-sommer.com/braintest/ . É uma página que promete dizer-te que lado do teu cérebro é "mais dominante" com um rápido teste... O teste inclui algumas ilusões de óptica e uns exercícios que típicamente vêm naqueles "brain games".
Depois de concluído dizem a percentagem que usas de cada lado do cérebro, e se és mais racional ou mais criativo. Parece interessante.
Este site http://h30458.www3.hp.com/br/ptb/smb/968019.html, da conhecida marca HP Brasil, indica quais são as características de uma pessoas mais dominante esquerda e direita e ainda quais são as melhores profissões para cada uma delas...
Mas a verdade é que, apesar da crença de que cada lado do cérebro tem diferentes características, está demonstrado que todas as pessoas destras (que escrevem com a mão direita, e que no geral têm mais força na mão e pé direito) têm dominância do hemisfério esquerdo. Isso quer dizer que, se acreditarmos que o nosso hemisfério dominante define a nossa personalidade, entre 80 a 95% das pessoas deste mundo (ou seja, todas as destras) teriam o mesmo patrão de personalidade, racional. Parece-vos provável?
Aqui vêm as provas...
"Uma nova pesquisa sugere que os genes que desempenham um papel na orientação dos órgãos internos também podem determinar se alguém é destro ou canhoto. O estudo, publicado no mês de setembro na revista PLoS Genetics, indica que estes genes devem afetar o cérebro, sendo importantes na determinação do lado dominante das pessoas. Os resultados sugerem que os mesmos genes que afetam a simetria esquerda dos órgãos do corpo também afetam a forma como o cérebro está conectado. Isso, por sua vez, afeta a capacidade da mão direita ou esquerda de alguém de ser dominante.
"Scientists at the University of Utah have debunked the myth with an analysis of more than 1,000 brains. They found no evidence that people preferentially use their left or right brain. All of the study participants — and no doubt the scientists — were using their entire brain equally, throughout the course of the experiment. A paper describing this study appeared in August in the journal PLOS ONE. "It is not the case that the left hemisphere is associated with logic or reasoning more than the right," Anderson told LiveScience. "Also, creativity is no more processed in the right hemisphere than the left."
http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0071275
Podemos concluir então que é um mito, por agora ainda não conseguimos ligar as características da nossa personalidade a partes do nosso cérebro!
Depois de concluído dizem a percentagem que usas de cada lado do cérebro, e se és mais racional ou mais criativo. Parece interessante.
Este site http://h30458.www3.hp.com/br/ptb/smb/968019.html, da conhecida marca HP Brasil, indica quais são as características de uma pessoas mais dominante esquerda e direita e ainda quais são as melhores profissões para cada uma delas...
Mas a verdade é que, apesar da crença de que cada lado do cérebro tem diferentes características, está demonstrado que todas as pessoas destras (que escrevem com a mão direita, e que no geral têm mais força na mão e pé direito) têm dominância do hemisfério esquerdo. Isso quer dizer que, se acreditarmos que o nosso hemisfério dominante define a nossa personalidade, entre 80 a 95% das pessoas deste mundo (ou seja, todas as destras) teriam o mesmo patrão de personalidade, racional. Parece-vos provável?
Aqui vêm as provas...
"Uma nova pesquisa sugere que os genes que desempenham um papel na orientação dos órgãos internos também podem determinar se alguém é destro ou canhoto. O estudo, publicado no mês de setembro na revista PLoS Genetics, indica que estes genes devem afetar o cérebro, sendo importantes na determinação do lado dominante das pessoas. Os resultados sugerem que os mesmos genes que afetam a simetria esquerda dos órgãos do corpo também afetam a forma como o cérebro está conectado. Isso, por sua vez, afeta a capacidade da mão direita ou esquerda de alguém de ser dominante.
“A lateralidade é um reflexo exterior das assimetrias do cérebro para a coordenação motora. Se você é destro, isso significa que o hemisfério esquerdo do seu cérebro é dominante para a coordenação motora. Isso porque os nossos cérebros realizam essa conexão inversa em relação ao resto do corpo”".
http://www.plosgenetics.org/article/info:doi/10.1371/journal.pgen.1003751"Scientists at the University of Utah have debunked the myth with an analysis of more than 1,000 brains. They found no evidence that people preferentially use their left or right brain. All of the study participants — and no doubt the scientists — were using their entire brain equally, throughout the course of the experiment. A paper describing this study appeared in August in the journal PLOS ONE. "It is not the case that the left hemisphere is associated with logic or reasoning more than the right," Anderson told LiveScience. "Also, creativity is no more processed in the right hemisphere than the left."
Anderson's team examined brain scans of participants ages 7 to 29 while they were resting. They looked at activity in 7,000 brain regions, and examined neural connections within and between these regions. Although they saw pockets of heavy neural traffic in certain key regions, on average, both sides of the brain were essentially equal in their neural networks and connectivity.
"We just don't see patterns where the whole left-brain network is more connected, or the whole right-brain network is more connected in some people," said Jared Nielsen, a graduate student and first author on the new study."
http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0071275
Podemos concluir então que é um mito, por agora ainda não conseguimos ligar as características da nossa personalidade a partes do nosso cérebro!
domingo, 16 de março de 2014
Entrevista - Terapia Ocupacional
Primeiro que tudo, poderias dar-nos uma curta definição do que é a Terapia Ocupacional?
Bem, eu (e certamente todos os alunos e terapeutas ocupacionais) temos o trabalho arduo de explicar o que é a nossa profissão de uma forma simples e interessante, sendo ela extremamente complexa, mas vou tentar responder... o terapeuta ocupacional trabalha com pessoas com problemas no desempenho e na participação ocupacional, isto é, com todas aquelas pessoas que, por algum motivo (doenças, incapacidade, alterações no ambiente, mudanças culturais, etc etc) não consigam ou tenham dificuldade em realizar aquilo que desejam ou é necessário fazerem (ex. tomar banho, vestir, trabalhar, comer, ir às compras.. todo o tipo de ocupações).
Em que casos se aplica? Quais os seus objetivos?
Uma vez que qualquer pessoa pode ter dificuldades em realizar o que deseja ou deve fazer, trabalhamos com todas as faixas etárias desde recém-nascidos a idosos. O nosso objetivo final é que a pessoa seja o mais autónoma e independente, tanto quanto lhe for possível, e dessa forma promover o seu bem-estar e qualidade de vida. É importante referir que também trabalhamos com o intuito de prevenir a disfunção ocupacional (exemplo, promover um envelhecimento saudável).
O que te fez escolher esta profissão?
Quando andava a descobrir "o que queria ser quando fosse grande" tinha uma ideia fixa na cabeça: queria ajudar, queria fazer a diferença e queria ter um contacto directo com as pessoas de modo a sentir que fazia mesmo a diferença, de uma forma concreta e direta. Por isso escolhi a área da saúde e depressa dei por mim a pesquisar cursos de reabilitação. Primeiro pensei na fisioterapia e na terapia da fala, até porque não fazia ideia que terapia ocupacional existia... através das pesquisas sobre fisio e TF, lá descobri TO e procurei saber mais sobre essa profissão, visitei a minha faculdade no secundário, falei com estudantes e achei que a TO era um mundo vasto e extremamente interessante, que me fazia muito mais sentido do que fisio e TF. Senti que era compatível com T.O. Ainda assim confesso que só descobri o que era Terapia Ocupacional na totalidade quando ingressei no curso (alias eu sou da opinião que essa é a única forma de compreender totalmente a TO). foi aí que descobri que era o meu sonho e que tinha feito a escolha certa.
Quais dirias que são os pontos fortes, e também o lado menos bom, de ser Terapeuta Ocupacional?
Como a minha professora de bioética diz "somos dos profissionais de saúde mais humanos que existem", muito da nossa filosofia da prática implica perceber a pessoa como um ser holístico e não apenas como uma pessoa composta por diversas partes, em que uma delas pode estar "avariada". Precisamos de compreender a pessoa na sua totalidade para planearmos a nossa intervenção e escolhermos o "caminho" mais adequado, pois cada pessoa é única, e o seu diagnóstico dá-nos apenas uma pequena (pequeníssima na minha opinião) informação sobre a pessoa. Preocupamo-nos com a pessoa e não com o seu diagnóstico. O lado menos bom: o facto de ser uma profissão desconhecida por muitos, até por profissionais de saúde, retira-nos algum reconhecimento do nosso trabalho e daquilo que somos capazes de fazer pela pessoa.
Consegues resumir-nos o que seria um dia na vida de um Terapeuta Ocupacional? (que actividades realizas num dia de trabalho? Com quantos pacientes trabalhas? Há outros profissionais envolvidos no processo?)
Resumir um dia na TO? isso é muuuuuuuuiiiito complicado. Depende da área em que estás, do local onde trabalhas, das condições... Posso se calhar é falar do local onde estou a estagiar atualmente... Estou a estagiar com idosos, e as sessões de TO são todas realizadas em grupo, uns grupos maiores que outros, mas na teoria o máximo deviam ser 8 utentes, na prática, quando fazemos sessões de movimento já chegamos a ter 25 utentes. de uma maneira geral (sem contar com as tais sessões de movimento) são 10 utentes por sessão. O nosso objetivo é promover a participação ocupacional e estimular/promover/melhorar desempenhos. Recorremos sempre a ocupações para que os utentes possam 'exercitar' competências (motoras, de processamento e de comunicação e interação), de modo a melhorar os seus desempenhos ocupacionais. Como exemplo temos a Wiiterapia: utilizamos jogos da wii para estimular capacidades como: amplitude de movimento, coordenação, equilibrio, competencias de processo: têm que compreender as regras do jogo, identificar problemas e resolve-los.. manter a atenção e concentração etc, entre outras. No fundo a nossa filosofia é utilizar atividades que tenham significado para a pessoa e que ao mesmo tempo sejam terapêuticas. Quanto aos restantes profissionais, de uma maneira geral (e já não estou a falar do meu local de estagio) os TOs podem trabalhar em equipa com Fisios, TF, psicologos, psiquiatras, animadores socioculturais, arquitetos e engenheiros (quando fazemos alterações no ambiente, seja numa rua, seja na casa da pessoa para que ela seja autonoma), professores, professores de ensino especial, assistentes sociais... etc.
Sentes que a opinião da população geral em relação à Terapia Ocupacional é positiva, negativa ou indiferente? As pessoas acreditam no papel desta terapia?
Pode variar, quem não conhece tem duvidas sobre a sua eficiencia e eficácia, quem trabalha com TOs competentes reconhece o nosso potencial e valoriza-nos muito por isso. Em muitos locais de estágio os terapeutas ocupacionais são chefes de equipas multidisciplinares e penso que isso só acontece porque as pessoas reconhecem que esta é uma terapia que pode realmente mudar a vida das pessoas. Quanto aos utentes/clientes, ao principio penso que ficam sempre desconfiados, podem até achar que parece tudo uma brincadeira, mas depois vão percebendo o objetivo das atividades, vão sentindo que a terapia provoca mudanças positivas no seu dia-a-dia, e no final do processo de reabilitação geralmente o sentimento é de gratidão.
Para terminar, há alguma coisa que já tenhas vivido como Terapeuta Ocupacional que te tenha ficado marcada de alguma maneira especial?
A felicidade das pessoas quando os seus objetivos de reabilitação são alcançados, é indescritível, é mesmo mágico, acho que nesses momentos sentimo-nos como super heróis. Numa perspectiva negativa: a forma como a medicação pode alterar uma pessoa, neste estágio já tive diversas experiencias em que a medicação de um utente é alterada e parece que a pessoa "perde-se", deixa de ser, deixa de viver para apenas existir...
Joana Emauz Madruga,
Finalista de Terapia Ocupacional em Alcoitão
(and a great friend of mine, thanks for your time)
Espero que com esta entrevista, tenham ficado a perceber um pouco melhor esta profissão, e além disso tenha conseguido o meu objetivo: demonstrar que não são só médicos e enfermeiros os únicos que contactam com os pacientes e que os podem ajudar!
Bem, eu (e certamente todos os alunos e terapeutas ocupacionais) temos o trabalho arduo de explicar o que é a nossa profissão de uma forma simples e interessante, sendo ela extremamente complexa, mas vou tentar responder... o terapeuta ocupacional trabalha com pessoas com problemas no desempenho e na participação ocupacional, isto é, com todas aquelas pessoas que, por algum motivo (doenças, incapacidade, alterações no ambiente, mudanças culturais, etc etc) não consigam ou tenham dificuldade em realizar aquilo que desejam ou é necessário fazerem (ex. tomar banho, vestir, trabalhar, comer, ir às compras.. todo o tipo de ocupações).
Em que casos se aplica? Quais os seus objetivos?
Uma vez que qualquer pessoa pode ter dificuldades em realizar o que deseja ou deve fazer, trabalhamos com todas as faixas etárias desde recém-nascidos a idosos. O nosso objetivo final é que a pessoa seja o mais autónoma e independente, tanto quanto lhe for possível, e dessa forma promover o seu bem-estar e qualidade de vida. É importante referir que também trabalhamos com o intuito de prevenir a disfunção ocupacional (exemplo, promover um envelhecimento saudável).
O que te fez escolher esta profissão?
Quando andava a descobrir "o que queria ser quando fosse grande" tinha uma ideia fixa na cabeça: queria ajudar, queria fazer a diferença e queria ter um contacto directo com as pessoas de modo a sentir que fazia mesmo a diferença, de uma forma concreta e direta. Por isso escolhi a área da saúde e depressa dei por mim a pesquisar cursos de reabilitação. Primeiro pensei na fisioterapia e na terapia da fala, até porque não fazia ideia que terapia ocupacional existia... através das pesquisas sobre fisio e TF, lá descobri TO e procurei saber mais sobre essa profissão, visitei a minha faculdade no secundário, falei com estudantes e achei que a TO era um mundo vasto e extremamente interessante, que me fazia muito mais sentido do que fisio e TF. Senti que era compatível com T.O. Ainda assim confesso que só descobri o que era Terapia Ocupacional na totalidade quando ingressei no curso (alias eu sou da opinião que essa é a única forma de compreender totalmente a TO). foi aí que descobri que era o meu sonho e que tinha feito a escolha certa.
Quais dirias que são os pontos fortes, e também o lado menos bom, de ser Terapeuta Ocupacional?
Como a minha professora de bioética diz "somos dos profissionais de saúde mais humanos que existem", muito da nossa filosofia da prática implica perceber a pessoa como um ser holístico e não apenas como uma pessoa composta por diversas partes, em que uma delas pode estar "avariada". Precisamos de compreender a pessoa na sua totalidade para planearmos a nossa intervenção e escolhermos o "caminho" mais adequado, pois cada pessoa é única, e o seu diagnóstico dá-nos apenas uma pequena (pequeníssima na minha opinião) informação sobre a pessoa. Preocupamo-nos com a pessoa e não com o seu diagnóstico. O lado menos bom: o facto de ser uma profissão desconhecida por muitos, até por profissionais de saúde, retira-nos algum reconhecimento do nosso trabalho e daquilo que somos capazes de fazer pela pessoa.
Consegues resumir-nos o que seria um dia na vida de um Terapeuta Ocupacional? (que actividades realizas num dia de trabalho? Com quantos pacientes trabalhas? Há outros profissionais envolvidos no processo?)
Resumir um dia na TO? isso é muuuuuuuuiiiito complicado. Depende da área em que estás, do local onde trabalhas, das condições... Posso se calhar é falar do local onde estou a estagiar atualmente... Estou a estagiar com idosos, e as sessões de TO são todas realizadas em grupo, uns grupos maiores que outros, mas na teoria o máximo deviam ser 8 utentes, na prática, quando fazemos sessões de movimento já chegamos a ter 25 utentes. de uma maneira geral (sem contar com as tais sessões de movimento) são 10 utentes por sessão. O nosso objetivo é promover a participação ocupacional e estimular/promover/melhorar desempenhos. Recorremos sempre a ocupações para que os utentes possam 'exercitar' competências (motoras, de processamento e de comunicação e interação), de modo a melhorar os seus desempenhos ocupacionais. Como exemplo temos a Wiiterapia: utilizamos jogos da wii para estimular capacidades como: amplitude de movimento, coordenação, equilibrio, competencias de processo: têm que compreender as regras do jogo, identificar problemas e resolve-los.. manter a atenção e concentração etc, entre outras. No fundo a nossa filosofia é utilizar atividades que tenham significado para a pessoa e que ao mesmo tempo sejam terapêuticas. Quanto aos restantes profissionais, de uma maneira geral (e já não estou a falar do meu local de estagio) os TOs podem trabalhar em equipa com Fisios, TF, psicologos, psiquiatras, animadores socioculturais, arquitetos e engenheiros (quando fazemos alterações no ambiente, seja numa rua, seja na casa da pessoa para que ela seja autonoma), professores, professores de ensino especial, assistentes sociais... etc.
Sentes que a opinião da população geral em relação à Terapia Ocupacional é positiva, negativa ou indiferente? As pessoas acreditam no papel desta terapia?
Pode variar, quem não conhece tem duvidas sobre a sua eficiencia e eficácia, quem trabalha com TOs competentes reconhece o nosso potencial e valoriza-nos muito por isso. Em muitos locais de estágio os terapeutas ocupacionais são chefes de equipas multidisciplinares e penso que isso só acontece porque as pessoas reconhecem que esta é uma terapia que pode realmente mudar a vida das pessoas. Quanto aos utentes/clientes, ao principio penso que ficam sempre desconfiados, podem até achar que parece tudo uma brincadeira, mas depois vão percebendo o objetivo das atividades, vão sentindo que a terapia provoca mudanças positivas no seu dia-a-dia, e no final do processo de reabilitação geralmente o sentimento é de gratidão.
Para terminar, há alguma coisa que já tenhas vivido como Terapeuta Ocupacional que te tenha ficado marcada de alguma maneira especial?
A felicidade das pessoas quando os seus objetivos de reabilitação são alcançados, é indescritível, é mesmo mágico, acho que nesses momentos sentimo-nos como super heróis. Numa perspectiva negativa: a forma como a medicação pode alterar uma pessoa, neste estágio já tive diversas experiencias em que a medicação de um utente é alterada e parece que a pessoa "perde-se", deixa de ser, deixa de viver para apenas existir...
Joana Emauz Madruga,
Finalista de Terapia Ocupacional em Alcoitão
(and a great friend of mine, thanks for your time)
Espero que com esta entrevista, tenham ficado a perceber um pouco melhor esta profissão, e além disso tenha conseguido o meu objetivo: demonstrar que não são só médicos e enfermeiros os únicos que contactam com os pacientes e que os podem ajudar!
segunda-feira, 10 de março de 2014
Curiosidade!
Hoje venho partilhar não um mito, mas sim uma curiosidade...
Não sei se já repararam, mas de vez em quando vê-se por aí pessoas que andam na rua (sobretudo em espaços públicos e com grande concentração de pessoas, como nos aeroportos) com máscaras a tapar o nariz e a boca (como se fossem pela vida num bloco de operações).
Eu já me encontrei várias vezes com casos como estes e sempre me perguntei "será por medo a apanhar a gripe A?", "será que aquela pessoa tem uma doença muito contagiosa e não quer pegar aos outros?".
Hoje descobri uma das causas que pode levar uma pessoa a ter de andar com essas máscaras, e não é a paranóia para evitar a gripe A...
As pessoas que têm transplantes são tratadas com medicamentos que diminuem as suas defesas naturais, de forma a que o seu corpo não reaja contra do órgão transplantado. Mas um dos principais efeitos secundários, é que o corpo também deixa de reagir a infecções e essas pessoas são mais vulneráveis a contrair infecções. Uma infecção que para o resto passam levemente, para as pessoas com transplante podem ser muito graves e até mortais.
Portanto, agora quando virem alguém de máscara já não precisam de fugir nem de a achar paranóica.
Tudo tem uma explicação (bem, quase tudo...)
Não sei se já repararam, mas de vez em quando vê-se por aí pessoas que andam na rua (sobretudo em espaços públicos e com grande concentração de pessoas, como nos aeroportos) com máscaras a tapar o nariz e a boca (como se fossem pela vida num bloco de operações).
Eu já me encontrei várias vezes com casos como estes e sempre me perguntei "será por medo a apanhar a gripe A?", "será que aquela pessoa tem uma doença muito contagiosa e não quer pegar aos outros?".
Hoje descobri uma das causas que pode levar uma pessoa a ter de andar com essas máscaras, e não é a paranóia para evitar a gripe A...
As pessoas que têm transplantes são tratadas com medicamentos que diminuem as suas defesas naturais, de forma a que o seu corpo não reaja contra do órgão transplantado. Mas um dos principais efeitos secundários, é que o corpo também deixa de reagir a infecções e essas pessoas são mais vulneráveis a contrair infecções. Uma infecção que para o resto passam levemente, para as pessoas com transplante podem ser muito graves e até mortais.
Portanto, agora quando virem alguém de máscara já não precisam de fugir nem de a achar paranóica.
Tudo tem uma explicação (bem, quase tudo...)
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
"Só usamos 10% do nosso cérebro!"
Este vídeo foi realizado por alunos do doutoramento em neurociência, no centro Champalimaud para o Desconhecido.
Eu podia pôr imensos estudos sobre isto, mas os vídeos fazem os posts mais interessantes e passam a informação de maneira muito mais visual, na minha opinião.
Espero que gostem!
E não se esqueçam de usar o cérebro!
Eu podia pôr imensos estudos sobre isto, mas os vídeos fazem os posts mais interessantes e passam a informação de maneira muito mais visual, na minha opinião.
Espero que gostem!
E não se esqueçam de usar o cérebro!
Tomar vacinas pode fazer-te ficar doente.
Um breve vídeo que dá rápida e gráficamente a resposta.
Tomar as vacinas recomendadas pelos médicos é fundamental para evitar doenças, não se deixem levar por informações que dizem o contrário e que podem pôr em risco a vossa saúde. Se os médicos vos recomendam as vacinas é porque elas podem melhorar a vossa saúde e proteger-vos, não existe uma conspiração para encher as pessoas com medicamentos que elas não precisam!
(porei mais estudos para os que não ficaram convencidos)
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Azeite cozinhado a altas temperaturas faz mal
Foi o meu primo quem me pediu para investigar sobre esta afirmação que outro primo nosso lhe dissera. Eu achei muito interessante, já que nunca tinha ouvido que o azeite fizesse mal, em qualquer circunstância.
Heis o que encontrei....
"Devido à sua estabilidade, o azeite é uma das gorduras, a par com a banha de porco e o óleo de milho, mais adequadas para resistir a altas temperaturas, pois só se altera a partir dos 180ºC. Deste modo é indicado para os assados e os fritos." na infopédia, da Porto Editora.
Neste estudo sobre o conhecimento e uso do azeite em Portugal, realizado pelo Instituto Politécnico de Bragança, demonstra a presença deste mito:
"Verifica-se que embora o consumo não seja muito elevado (consumo médio per capita anual de 7,8 litros) o azeite é a gordura preferencial para a maioria das utilizações culinárias, exceptuando-se as frituras."
E a resposta dos investigadores é...
"Relativamente a este comportamento, favorável à utilização do azeite, há apenas que reforçá-lo positivamente de modo a intensificar ainda mais o consumo do azeite, designadamente a substituição da utilização mista de azeite/óleo pela utilização exclusiva de azeite. Não desvalorizando a opinião da importância do sabor transmitido aos alimentos e do factor económico, tendo presente que o azeite é, actualmente, considerado uma gordura saudável, julgamos haver perspectivas de aumento do seu consumo também para estas utilizações – frituras (pelo menos para algumas que não exijam grandes quantidades para a confecção dos pratos). Isto porque, por um lado, aguenta maiores temperaturas sem se degradar, logo é mais saudável e, por outro lado, atendendo à dimensão reduzida dos agregados familiares as quantidades exigidas são menores."
Portanto, o estudo indica que como desvantagens do uso do azeite está o sabor, que algumas pessoas não gostam, e o seu custo mais elevado em relação aos óleos vegetais, o azeite continua a ser em todos os seus usos MAIS SAUDÁVEL (voltarei a fazer um post sobre as gorduras e a saúde, porque este é um tema muito importante).
Concluo que o azeite cozinhado a altas temperaturas faz mal, mas é à carteira!
Heis o que encontrei....
"Devido à sua estabilidade, o azeite é uma das gorduras, a par com a banha de porco e o óleo de milho, mais adequadas para resistir a altas temperaturas, pois só se altera a partir dos 180ºC. Deste modo é indicado para os assados e os fritos." na infopédia, da Porto Editora.
Neste estudo sobre o conhecimento e uso do azeite em Portugal, realizado pelo Instituto Politécnico de Bragança, demonstra a presença deste mito:
"Verifica-se que embora o consumo não seja muito elevado (consumo médio per capita anual de 7,8 litros) o azeite é a gordura preferencial para a maioria das utilizações culinárias, exceptuando-se as frituras."
E a resposta dos investigadores é...
"Relativamente a este comportamento, favorável à utilização do azeite, há apenas que reforçá-lo positivamente de modo a intensificar ainda mais o consumo do azeite, designadamente a substituição da utilização mista de azeite/óleo pela utilização exclusiva de azeite. Não desvalorizando a opinião da importância do sabor transmitido aos alimentos e do factor económico, tendo presente que o azeite é, actualmente, considerado uma gordura saudável, julgamos haver perspectivas de aumento do seu consumo também para estas utilizações – frituras (pelo menos para algumas que não exijam grandes quantidades para a confecção dos pratos). Isto porque, por um lado, aguenta maiores temperaturas sem se degradar, logo é mais saudável e, por outro lado, atendendo à dimensão reduzida dos agregados familiares as quantidades exigidas são menores."
Portanto, o estudo indica que como desvantagens do uso do azeite está o sabor, que algumas pessoas não gostam, e o seu custo mais elevado em relação aos óleos vegetais, o azeite continua a ser em todos os seus usos MAIS SAUDÁVEL (voltarei a fazer um post sobre as gorduras e a saúde, porque este é um tema muito importante).
Concluo que o azeite cozinhado a altas temperaturas faz mal, mas é à carteira!
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